sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dois







Se apega ao gosto que ainda resta


Gasta
morde
dilacera




Fatiga-se no calor da dança

Embebeda com suor


Sente a carne romper
em devaneios
que transitam entre o profano e o sagrado



Perde-se



Mira a fronte
Os olhos que a tomam pra si



Dançam num ritmo de sussurros


Arranham-se
Agarram-se


Se dissolvem um no outro
entre essências escandalosas


Murmuram desejos


Circulam entre delírios
roucos


Transbordam o ventre com vida

domingo, 13 de setembro de 2009

Hoje acordou e olhou a vida com olhos de saudade
Se olhou mais uma vez no espelho e viu o vazio
Suspirou em busca de vida mais não achou
Tomou banho pra limpar as lágrimas
Se deu mais um momento de infância
e comeu um moranguinho de padaria no café da manhã
Ficou devendo 5 centavos do leite
E o dia chorou com a proximidade do fim
Sentou na sala espaçosa e se perdeu nos pensamentos
Se perguntou como será o resto do dia
Morreu

11/09/2009

Llena de dudas

Se embebe no olhar
Duvidoso
Astuto
Se emudece no espanto
que veio sem aviso
Das máscaras que cairam
Afoga-se no pranto
sem consolo
E olha
e as conclusões não saciam
a dúvida
Fica sem mais palavras
Sem gesto
Como à estatua
só lhe resta o olhar
Meu olhar
Morno
Úmido

Antropofagismo

Coma a carne
da tua alma
até não sobrar
nem o cheiro
veja ela desaparecer
sucumbindo a realidade

Repulsivo

Criatura indolente
de lábios vermelhos pecadores
e olhos de rainha naja
perfuram a pele
e destroem a paz
a esperança
mastigam o coração
bebem com prazer o sangue
deixa com frio o corpo
e em chamas a cabeça
Volta pra tua tumba
preserva o teu próximo de ti

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

a vida é uma comédia sem graça
.
.
.
o jeito é rir

domingo, 6 de setembro de 2009

De Tempos em Tempos

Fez-se o Tempo acertado
do peito que o acolheu
e lhe inquietou
Fez-se o Tempo em que se desfez
e foi-se sem cerimônia
Mas o Tempo existe
e constroi
destroi
O Tempo vem de dentro de nós

Auto-retrato

Os olhos de betume
a boca de maçã doce
a garganta de profundeza
os dentes manhosos
a pele quente
os dedos curtos
os pés inquietos
as pernas de andanças
as nádegas carentes
a vagina úmida
as costas sedentas
o coração rachado

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

só por hoje vou morrer
.
.
amanhã eu volto